Práticas de aprendizagem, a partir da escuta da história “Princesa de Coiatimbora”
- Rubia Konstantyni
- 21 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Ao trabalhar com o livro “Princesa de Coiatimbora”, escrito por Penélope Martins e ilustrado por Flávio Fargas, editora Dimensão, muitas habilidades são aguçadas nas crianças: o universo da invencionice, a identificação com a personagem principal, o desejo de saber e conhecer sobre alimentos e plantas, a vontade de compartilhar suas experiências de passeios e gostos gastronômicos, a prática simbólica, dentre outras surpresas.
Esta é uma das obras que compõe o repertório do “Histórias de Sabiá Laranjeira”, disponível em nossos canais do youtube e do spotify. E o compartilhar desta escuta é sempre um rentável momento imaginativo/educativo, que traz a tona curiosidades ímpares. Relato, por aqui, alguns dos acontecidos comigo junto às crianças.
Certa vez, uma menina ressalta o quão gostoso é o sabor da manga: doce e macio, escorrega por aqui (e aponta a garganta). Com esta intervenção, pude explanar sobre as frutas, sobre de onde vem a fruta, como chega até a nossa casa, quem cultiva e como faz para que nasça daquele jeito. Por meio de perguntas, fui desvendando os conhecimentos prévios e o que ainda era mistério para a turma. Também, pudemos trabalhar “saberes do brincar”, com os elementos oriundos da natureza: caroços, sementes, gravetos, folhas secas e afins. Foi muito divertido perceber que é possível brincar e inventar com coisas que não foram fabricadas.
Em um outro encontro narrativo, após escutar o áudio da história, apresentei o livro físico e juntos, fomos identificando se o que escutamos era, de fato, aquela história. E foi bastante enriquecedor ouvir apreciações como: “nossa, eu imaginei essa princesa de outro jeito”, “olha, o duende é engraçado, eu achei que era um monstro feio”, “que vontade de fazer pic-nic”, “eca, o cachorro passou mesmo por cima da toalha e do bolo, duvidei na hora que escutei” e algumas outras. A partir desses comentários, tantas conversas surgiram na roda final. Um registro, como documentação pedagógica, foi realizado, a partir de perguntas norteadoras como: o que escutamos caminha junto com o que vemos? Até que ponto? Qual a relevância em apresentar as duas formas da história? Frutífero encontro.
Para finalizar essa prosa, sobre os trabalhos brotados a partir do título mencionado acima, deixo aqui uma terceira prática, já experimentada. Depois de escutar a história, espalhei materiais pela sala e propus registros a partir do que mais ficou gravado na memória, sobre a narrativa. Podia-se desenhar, pintar, colar, recortar, escrever, criar seu registro. Em um próximo momento, remontamos o conto com esses registros. Participação coletiva e colaborativa. Ao final, foleamos as páginas do livro original e comparamos com a nossa montagem. Algumas partes estavam em ordens diferentes e este fato gerou dúvidas nas crianças: fizemos errado? por que a gente não lembrou do mesmo jeito? precisava ser na sequência? Logo, devolvi com outras perguntas: quem disse que precisa ser na mesma sequência? será que a nossa memória é tão “clara” assim? o que foi mais importante? As inquietações, aos poucos, diminuíram e a sensação de que existem muitos jeitos de acertar foi acolhida. Uma experiência forte, de que, por várias vezes, o imprevisível anda lado a lado com a aprendizagem.
Espero que esta partilha possa inspirar-nos em fazeres artísticos/educativos, por uma sociedade que possa compreender suas leituras diversas.
Abraços,
Rubia Konstantyni
Di Péis
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